As Implicações do Pastoreio Divino. Salmo 23

Salmo 23:1-4
1 ¶ O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará.
2 Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso;
3 refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
4 Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.


Estamos diante, daquele que talvez seja o texto das escrituras sagradas mais conhecido de todo o mundo. É bem provável que os leitores conheçam este salmo de cor.

Na tradição católica existe o costume de se colocar uma Bíblia aberta neste salmo, ou quem sabe no salmo 91 para se “atrair a proteção de Deus” o que é um completo equivoco, pois a Bíblia que faz diferença na vida das pessoas é a Bíblia lida, comprendida e praticada. Esta sim traz benefícios.

Por que razão este salmo é tão conhecido?
Charles Spurgeon crê que uma das razões para isto seria a sua grande beleza:

“Esta é a perola dos salmos, cujo o fulgor puro e suave deleita olhos; [...] Se pode afirmar deste canto deleitoso que se sua piedade e poesia são iguais; sua doçura e espiritualidade são insuperáveis.”

Numa outra parte ele diz:

“Agostinho diz que viu em um sonho o salmo 119 que se elevava diante dele como a arvore da vida no meio do paraíso de Deus. Este salmo 23 pode ser comparado as flores mais bonitas que crescem ao seu redor! O salmo 119 tem sido comparado com o sol entre as estrelas; sem dúvida o é, mas este é como a mais bela das constelações, incluindo-se as plêiades!!!”

O salmo inicia com uma expressão rica de significado.

“O Senhor é o meu Pastor; Nada me faltará”

É fato digno de nota o salmista descrever o Pastoreio divino no singular, ele que tantas vezes falou de Deus usando o plural “nosso”, agora fala dele usando o singular meu. É como se por um instante o salmista desconsidera-se o fato de Deus é o Deus do mundo inteiro e passa-se agora a focalizar todas as suas atenções ao fato de que Deus é o Seu Pastor, O Seu Deus, O Seu Senhor. Ele enfatiza esta relação vital, pessoal e individual com pastor de sua vida, Deus.

E ele o reconhece ele o chama Senhor, Yahveh, o Deus da aliança é Ele que é o seu pastor. Convém também dizermos, que esta expressão “é o meu pastor” é na verdade a tradução de um verbo que está no tronco – qal, e no particípio ativo o que nos dizeres de Strong significa que se trata de uma ação de continuidade ininterrupta, para ele a melhor forma de traduzir expressões assim seria com os verbos "ser" e "estar" seguidos do verbo principal no gerúndio. Aplicando esta regra nesta passagem poderíamos traduzi-la assim: “O Senhor está me pastoreando; nada me faltará!”

Isto quer dizer que o salmista tem em mente um Deus que o está guiando, que o está conduzindo, que os está pastoreando, que se relaciona com ele e em conseqüência disto ele sabe que nenhuma de suas necessidades reais deixarão de ser supridas.

Eu convido todos vocês leitores a refletirem comigo acerca das Implicações do pastoreio divino.

1. A primeira implicação do pastoreio divino é a sua liderança/condução.
• O termo “Pastor” no contexto semita. (Monarquias Orientais - Figura de liderança real)

• O termo “Pastor” nas Escrituras Sagradas:

No Salmo 80:1 vemos:

Dá ouvidos, ó pastor de Israel, tu que conduzes a José como um rebanho; tu que estás entronizado acima dos querubins, mostra o teu esplendor.

No livro de Isaias (40:1) vemos também:

Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente.

• No próprio salmo 23 vemos:

Leva para junto das águas de descanso v.2;
Guia pelas veredas da justiça v.3;
Ele está com o salmista no vale da sombra da morte v.4.


2. A segunda implicação do pastoreio divino é o seu cuidado.

• Nas Escrituras Sagradas:

São muitas as passagens da Escritura que descrevem o cuidado de Deus dentre elas podemos destacar Miquéias 5:2-4:

2 E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.
3 Portanto, o SENHOR os entregará até ao tempo em que a que está em dores tiver dado à luz; então, o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel.
4 Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do SENHOR, na majestade do nome do SENHOR, seu Deus; e eles habitarão seguros, porque, agora, será ele engrandecido até aos confins da terra.

Trata-se de uma figura messiânica que apresenta Cristo como o pastor dos filhos de Israel e aquele que lhes protege.

• Podemos ver esta figura no próprio salmo 23 onde lemos:

“nos faz repousar” / “O seu bordão e o seu cajado protegem e consolam o salmista”

3. A terceira implicação do pastoreio divino é a sua provisão.

Vemos aqui que uma das implicações do pastoreio divino é o seu compromisso com as nossas necessidades reais.

• No salmo 23:
O salmista é alguém que é suprido em todas as suas necessidades pois vemos que o Pastor:

Lhe fornece pastos verdejantes/ mata a sua sede com as águas do descanso/ e lhe refrigera a alma.

• O salmista não nos diz que Deus realiza cada um dos seus desejos, ou ainda que Deus o tornará alguém rico e próspero. Antes o que ele comunica é que Deus se preocupa com as suas necessidades reais.

• O salmista não crê que Deus seja obrigado a dizer sim a cada uma de suas orações, e nem espera só dias fáceis em sua vida, pois ele fala em inimigos e fala também do vale da sombra da morte. Mas ele crê no Deus da Provisão, ele crê na providencia divina.

Conclusão:

• Devemos confiar no Pastor do salmo 23, pois Ele é o Deus da Provisão.
• Devemos ser corajosos uma vez que ele está conosco.
• Precisamos entregar os nossos caminhos a Ele para que Ele nos guie pelo caminho eterno.

Por Manoel Delgado

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