DEVOCIONAL - CDBC 83 - "GRADAÇÕES DE PECADO?"

CDBC - COMENTÁRIO DEVOCIONAL DO BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER.

Pergunta 83: São igualmente odiosas todas as transgressões da lei?

Resposta: Alguns pecados em si mesmos, e em razão de circunstâncias agravantes, são mais odiosos à vista de Deus do que outros.

Ref. Sl 19.13; Mt 11.24; Lc 12.10; Hb 2.2-3.

“Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.”

Comentário:

Este é um assunto de grande importância, pois, se não for devidamente explicado, pode gerar sérios mal-entendidos.

Por isso, inicialmente, é preciso esclarecer o que os reformadores não estão ensinando:

1. Eles não ensinam que existem apenas alguns pecados que condenam os homens, enquanto pecados menores seriam tolerados por Deus. Toda transgressão da lei é pecado e merece juízo.

2. Eles não estão reafirmando o sistema medieval de pecados mortais e veniais. O Catecismo rejeita a distinção entre pecados que supostamente fariam o homem perder a salvação e outros considerados “menores” e sem consequências eternas.

3. Eles não ensinam que o pecado é cometido somente por atos exteriores. Como já afirmado anteriormente, o homem peca por pensamentos, palavras e obras. Assim, o pecado reside tanto na ação quanto na intenção.

Depois de destacar o que os reformadores não afirmam, podemos apresentar o que eles realmente ensinam nesta pergunta.

Primeiro, eles ensinam que alguns pecados, por sua natureza intrínseca ou por circunstâncias agravantes, são mais odiosos aos olhos de Deus do que outros.

O Catecismo cita, por exemplo, o caso de Cafarnaum, cidade onde Jesus realizou muitas obras poderosas. O Senhor declarou que, se tais milagres tivessem sido feitos em Tiro e Sidom, estas teriam se arrependido. Logo, a culpa de Cafarnaum é maior, pois rejeitou uma revelação muito mais clara e gloriosa.

Assim, as Escrituras mostram que existem pecados mais graves do que outros, e que há também gradações de culpa e de juízo. Isso não significa que pecados “menores” não importem, mas sim que pecar contra maior luz, maior privilégio ou maior conhecimento agrava a responsabilidade humana diante de Deus.

Reconhecer esta verdade não diminui a gravidade universal do pecado; ao contrário, nos chama à responsabilidade espiritual. Quanto mais conhecemos a Deus e sua Palavra, mais séria se torna nossa obediência e maior é nossa prestação de contas diante d’Ele.

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