DEVOCIONAL - CDBC 88 - "MEIOS DE GRAÇA"

CDBC - COMENTÁRIO DEVOCIONAL DO BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER.

Pergunta 88: Quais são os meios exteriores e ordinários pelos quais Cristo nos comunica as bênçãos da redenção?

Resposta: Os meios exteriores e ordinários pelos quais Cristo nos comunica as bênçãos da redenção são as suas ordenanças, especialmente a Palavra, os sacramentos e a oração; as quais todas se tornam eficazes aos eleitos para a salvação.

Ref. At 2.41-42.

“Muitos acreditaram na mensagem de Pedro e foram batizados. Naquele dia quase três mil se juntaram ao grupo dos seguidores de Jesus. E todos continuavam firmes, seguindo os ensinamentos dos apóstolos, vivendo em amor cristão, partindo o pão juntos e fazendo orações.” (NTLH)

Comentário

Depois de apresentar a vocação eficaz e as bênçãos que acompanham o chamado de Deus, a Assembleia de Westminster volta-se agora para um aspecto essencial da vida cristã: o modo pelo qual Cristo continua a comunicar a Sua graça ao Seu povo. Para isso, os reformadores afirmam que o Senhor utiliza meios exteriores e ordinários, isto é, instrumentos visíveis e instituídos nas Escrituras para nutrir espiritualmente os que foram chamados. Esses meios são a Palavra, os sacramentos e a oração.

A igreja primitiva compreendeu profundamente esta verdade, e por isso Lucas registra em Atos 2 que os recém-convertidos perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações. Aqui encontramos, de maneira clara e direta, os meios de graça em ação na vida da igreja do primeiro século. A doutrina dos apóstolos revela a centralidade da Palavra; o partir do pão aponta para os sacramentos, especialmente a Ceia; e a vida de oração mostra a dependência constante do povo de Deus em relação à Sua presença e direção.

Esses meios não eram acessórios, nem práticas esporádicas, mas o eixo da vida comunitária. Por meio deles, Cristo mesmo fortalecia, guiava, sustentava e edificava Sua igreja. E Lucas prossegue mostrando os efeitos dessa fidelidade: havia temor diante das maravilhas operadas pelos apóstolos, unidade de espírito, generosidade entre os irmãos, alegria no culto doméstico e comunitário e profundo testemunho público. O resultado de tudo isso é que “o Senhor acrescentava, dia a dia, os que iam sendo salvos”. A vitalidade espiritual da igreja estava diretamente ligada ao uso diligente desses meios instituídos por Deus. Atos 2.43-47.

Assim, aprendemos que, embora a salvação seja fruto exclusivo da graça, Deus soberanamente determinou que essa graça fosse comunicada e nutrida por meios concretos. Cristãos que amam a Palavra, que participam fielmente dos sacramentos e que perseveram na oração experimentam mais profundamente as bênçãos da redenção, crescem na piedade e fortalecem a comunhão dos santos. A negligência desses meios sempre enfraquece a vida espiritual; a sua prática constante sempre conduz ao crescimento e à maturidade.

É por meio desses santos instrumentos que Cristo alimenta, dirige e preserva o Seu povo até o fim. Que a igreja do nosso tempo, assim como a igreja apostólica, seja encontrada perseverando na Palavra, nos sacramentos e na oração, confiando que neles o Senhor distribui, diariamente, as riquezas da Sua graça redentora.

Assim, a Assembleia nos lembra que a saúde espiritual de uma igreja está diretamente ligada ao uso diligente desses meios da graça. Eles não são opcionais, nem decorativos: são os canais instituídos pelo próprio Senhor para nutrir a fé, fortalecer os santos, sustentar os fracos, consolar os aflitos e salvar os eleitos.

Soli Deo Gloria.

CDBC-Versão Atualizada. 2020. Todos os direitos reservados.