REFLEXÃO - O PARADOXO CHINÊS

O PARADOXO CHINÊS - POR MANOEL G. DELGADO JR.

Aborto forçado no sétimo mês de gravidez. 

   "Ai daquele que constrói o seu palácio por meios corruptos, seus aposentos, pela injustiça, fazendo os seus compatriotas trabalharem por nada, sem pagar-lhes o devido salário.” Jeremias 22: 13

  "Ai daquele que edifica uma cidade com sangue e a estabelece com crime!” Habacuque 2:12

  “Ai da cidade sanguinária...” Naum 3:1


A ascensão da China no cenário econômico mundial está trazendo a tona o pior lado da nossa política ocidental. Exatamente por conjugar aspectos de uma economia de mercado com um verniz ideológico de fundo marxista.
Neste país a violação dos direitos humanos tem sido tolerada, a ausência das liberdades civis tem sido assimiladas e apresentadas como uma característica peculiar do estado Chinês, como  absolutamente normais.
As regras de mercado e os direitos civis que foram mundialmente conquistados a custa de sangue, martírio e de movimentos sociais e espirituais renovadores tais como os avivamentos nos dias de Jhon Wesley, e Whitfield e o abolicionismo de Willian Wilberforce e Jhon Newton na Inglaterra[1] estão sendo lentamente flexibilizadas. No caso chinês,  o desrespeito as estas regras representam a lenta ascensão de uma nova espécie de trabalho: o trabalho compulsório de mercado.   
Diferente do que preconizavam doutrinas liberais como as de Minton Friedman. O avanço da economia de mercado não representa o progresso das liberdades civis, e também não significaram o fim da perseguição ao cristianismo, que apesar disto, subterraneamente tem crescido, através de uma rede grupos pequenos nos lares, que não goza de liberdade religiosa estatal.
O paradoxo chinês continua, por exemplo, nos direitos trabalhistas. Em nenhum outro país, a mão de obra é mais barata, por esta razão, nenhum outro país impulsiona mais a flexibilização dos direitos trabalhistas, o paradoxo está em que esta flexibilização, expressa no modelo chinês e aceita por setores da esquerda mundial e também brasileira, o que vai contra a própria trajetória que conduziu estes movimentos ao poder bem como de sua mobilização local em favor dos direitos trabalhistas.
Ao se confirmarem, as projeções que colocam a China como a maior economia do século XXI, presumisse que talvez nenhuma outra nação venha influenciar mais costumes, valores e sociedade neste novo século. Processo que certamente terá reflexos diretos na maneira como vivemos.
Os grupos políticos mais tradicionais, à direita do espectro político e econômico não tem sido menos omissos nestas questões. Pois, por mais dantesca que possa ser a quimera estatal chinesa é inegável que do ponto de vista da lógica do mercado ela está dando certo, ou seja, ela está aumentando o capital, os setores produtivos estão girando enormes quantidades de recursos, empreiteiros lucram extraordinariamente com o surgimento repentino de cidades, e uma nova classe média chinesa, maior do que a população brasileira, pode surgir como um novo e próspero mercado consumidor global, sob uma imensa base de servos-produtores, excluídos das benesses sociais.  
Cabe à direita [2] o auto-engano, de proclamar que a liberdade de mercado tenderá a gerar gradativamente o avanço das liberdades civis com democracia e direitos para a todos, omitindo porém, a triste realidade que a liberdade de mercado e  as liberdades civis nem sempre caminharam juntas ao longo da história.
Cabe à esquerda, mais uma vez, o companheirismo peculiar, de omitir as atrocidades globais que quando estas são cometidas em nome do marxismo. O que já acontecia na China desde os dias de Mao Tse Tung ou na Rússia desde a revolução de 1917. 
O propósito deste artigo não é o de desmerecer o belo e forte povo chinês, que apesar de estas barreiras, preserva uma cultura simbólica rica e milenar. É um povo excepcional., Mas sim, o de alertar para o risco do silêncio dos grupos políticos, e econômicos sobre as violações dos direitos humanos numa vasta extensão do mundo.
Por falar nisto, a Índia,  a Indonésia, e a Coreia do Norte não se encontram em condições melhores. Nestes, e em outros lugares, existem violações aos direitos humanos e perseguições religiosas.
 A pergunta que eu me faço é a seguinte, quem vai se indignar pelo aborto forçado de 7 meses de Feng Jianmei , jovem chinesa de 22 anos que impossibilitada de pagar a multa para ter um segundo filho, teve seu filho assassinado no sétimo mês de gravidez. E que por pressão internacional provocada por imagens dela e de seu filho na internet recebeu uma pífia indenização? Qual tribunal deste mundo poderá julgar com imparcialidade questões como estas? Entre “endinheirados” e “companheiros” quem se preocupará com a vida humana? 

[1]Citamos apenas o caso Inglês, por ser o marco inicial do processo abolicionista.   [2] Por esquerda e direita, nos referimos ao posicionamento no espectro político, que possui sua origem na revolução francesa e que constituiu historicamente setores progressistas a esquerda e setores conservadores a direita. Girondinos e Jacobinos respectivamente. Em sentido econômico, os termos estão associados a liberdade econômica, e liberdades civis (direita) e administração estatal da economia, e igualdade social (esquerda). O espectro político-econômico é vasto e possui amplos desdobramentos em sua configuração. Questiona-se atualmente o espectro político-econômico por ser simplista e gerar distorções. Isto é verdadeiro, contudo para fins de comunicação o seu uso ainda é válido. O ponto aqui é apenas o de demonstrar que no caso chinês, por razões diversas, grupos antagônicos não se posicionam contundentemente sobre possíveis violações dos direitos humanos e das liberdades civis.
   

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