ARTIGO - Meditando na Palavra: Uma introdução ao estudo bíblico indutivo. (I OBSERVAÇÃO)
“Antes
tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita dia e noite.”
Salmo 1:2
Como
fazer uma leitura proveitosa das escrituras sagradas? Como compreende-la com
profundidade sem incorrer em equívocos? Como conciliar a seriedade necessária
para a leitura e estudo bíblico com crescimento e devoção pessoal? Estas são
perguntas que muitas pessoas se fazem e que demandam o esforço do presente
artigo.
O
salmista no verso em destaque apresenta alguns elementos da verdadeira e
proveitosa leitura propondo uma “meditatio scripturae[1]”.
Para o salmista a meditação nas escrituras é em primeiro lugar uma atitude profundamente
realizadora. Pois o justo tem prazer na leitura da Palavra. Procura ler as
escrituras encontrando nelas a sua regra de vida. Ler as escrituras é mais do que um mero
exercício acadêmico. É uma forma de relacionamento com o autor primário. É
relacionar-se com Deus. Meditar na lei do Senhor é se achegar a santa palavra
com atitude reverente e com espírito de oração.
A
segunda implicação é que neste tipo de leitura não é preciso pressa. O salmista
medita na lei do Senhor de dia e de noite. Profundidade exige tempo, dedicação.
Não se achega perante o eterno olhando o relógio. A cultura do descartável e do efêmero não tem
vez aqui. É preciso recitar interiormente o texto até absorve-lo. É necessário
dedicar-se a observação.
No EBI[2] temos
esta possibilidade pois somos desafiados a ler e reler o texto quantas vezes
forem necessárias, procurar perceber os elementos gramaticais e literários.
Lendo narrativas como narrativas, poesias como poesias, figuras como figuras
sempre respeitando os limites expressivos do texto estabelecendo padrões, percebendo
a construção e estrutura da passagem lida. Uma palavra de destaque, um
contraste de ideias, uma mudança de cenário, uma figura de linguagem. Tudo deve
ser destacado, percebido até que tenhamos familiaridade com o texto. Muitas
vezes o resultado será a memorização da passagem observada e a capacidade de parafraseá-la
com as nossas palavras. Outra possibilidade é a de desenvolvermos uma
diagramação do texto, que consiste em desenharmos um esquema com as palavras e ideias
principais. Todos estes passos nos auxiliam a verdadeiramente compreender o
texto sem incorrermos em distorções aumentando a possibilidade uma aplicação
mais efetiva.
Terceiro
meditar na passagem bíblica é ocupar a nossa mente com o texto inspirado. Através
dos padrões da verdade revelada somos libertos de estruturas mentais escravizadoras
e destrutivas e começamos mudar as nossas atitudes. Pois como bem afirmou o
apóstolo Paulo “as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em
Deus, para demolição de fortalezas; derribando raciocínios e todo baluarte que
se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à
obediência a Cristo; (2 Cor. 10:4-5)
Em
quarto lugar meditar é perceber o texto em nosso cotidiano. Meditar na lei do
Senhor de dia e de noite significa ter sempre a escritura e o seu autor diante
de nós. Poderíamos parafrasear o salmista dizendo que meditar na lei de dia e
de noite é viver a palavra em nosso dia a dia. Na verdade estou sempre diante da verdade do
texto, quando trabalho, quando me relaciono com minha esposa, quando educo
minha filha ou quando converso com estranhos ou vizinhos. E por consequência estamos
todos diante de Deus.
Pastor
Manoel G. Delgado Júnior.
[1]
Meditação nas escrituras. Existe uma longa tradição de leitura das escrituras
para crescimento e edificação pessoal. No contexto da igreja cristã esta
tradição também é denominada de Lectio divina.
[2]
Estudo Bíblico Indutivo. Método de estudo bíblico. Que consiste em três passos
progressivos para a compreensão da verdade bíblica. Observação, interpretação e
aplicação.
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