Leitura - MÚZIO, Rubens, O DNA da Igreja, comunidades cristãs transformando a nação,
Editora Esperança, Curitiba, PR. 2010. (315
Páginas)
Esta
obra do Dr. Rubens Múzio, ministro religioso e missionário da SEPAL, visa
articular, no contexto da igreja brasileira, os elementos do ser e do fazer
eclesiológico contemporâneo. Visando delinear os princípios fundamentais que
constituem a essência, ou melhor, de acordo com o autor o DNA da Igreja. Para
alcançar tão ousado empreendimento, o autor procura estabelecer um equilíbrio
entre a dimensão organizacional da igreja e os aspectos de sua missão,
vitalidade e espiritualidade (organismo x organismo) reconhecendo a tensão
desta relação, mas ao mesmo tempo, procurando superá-la por meio da afirmação
identitária da Igreja que para o autor é sinal escatológico do reino de Deus. Também
digno de nota é o fato do autor desenvolver um diálogo crítico e construtivo
com movimentos teológicos distintos, como o neocalvinismo, a missão integral, o
movimento de crescimento de igrejas, a igreja emergente, o desenvolvimento
natural da igreja visando o estabelecimento de pontes, delimitação de fronteiras
e explorando possibilidades na construção de um modelo transformador para a
nação. Sua
contribuição para a realidade eclesial brasileira é fruto de sua experiência
ministerial e de suas pesquisas amplamente desenvolvidas no âmbito da SEPAL,
agência que hoje possui o maior banco de dados sobre a igreja evangélica no
Brasil. Tal aparato permite que o autor possa desenvolver amplas análises sobre
o “modus vivendi” das igrejas locais sem desmerecer as fundamentações de ordem
missiológica e eclesiológica necessárias para as referidas análises. A
obra está dividida em quatro seções, sendo a primeira uma apresentação dos
princípios teológicos. Onde busca-se desenvolver uma cosmovisão cristã,
biblicamente orientada, articulando os atos de criação, redenção e recriação de
Deus, tendo Cristo como Senhor da história e soberano sobre todas as áreas da
vida e do empreendimento humano. Desta percepção teológica, desenvolve-se a ideia
da vocação da Igreja chamada a estender a influência cristã para transformar a
nação. Esta influência se dá através da promoção dos valores do Reino de Deus
nas mais diversas expressões da vida. O que para o autor se resumem a quatro
grandes áreas: suficiência econômica, paz social, justiça social, retidão nacional. Na
segunda seção são abordados temas clássicos de eclesiologia, a saber as
metáforas bíblicas sobre a igreja, suas marcas, funções, governo, e a natureza
(visível, invisível) da Igreja. Onde o
autor procura desenvolver este conteúdo superando as tensões por meio do
conceito missional de Igreja. Para Múzio: “Na sua missão (marturia) dentro do
mundo, a Igreja representa-se como comunidade (koinonia) serva (diakonia) e
proclamadora da mensagem (kerigma) do Evangelho”. Múzio p.110. Apresenta uma breve
análise dos modelos ministeriais e suas implicações para o plantio de igrejas
hodierno. Na
terceira seção o autor aborda os princípios missiológicos onde são tecidas
considerações sobre os esforços de mapeamento da realidade e do crescimento
eclesiástico. Porém, são desenvolvidas severas críticas ao movimento de
crescimento de igrejas por não considerar adequadamente a multidimensionalidade
do crescimento da igreja. Apresenta-se o conceito de crescimento integral como
corretivo ao reducionismo das análises do MCI, a partir da contribuição do
missiólogo Orlando Costas, que propõe a análise das dimensões numérica,
orgânica, conceitual e diaconal para o crescimento eclesiástico. A partir
destas contribuições busca-se auxiliar o leitor na elaboração de um mapeamento
efetivo visando plantio de igrejas saudáveis. Na
quarta e última seção da obra são apresentadas as diversas etapas que
constituem o processo de plantação de novas comunidades: a formulação de um
projeto (strategic planning) aplicado a dimensão eclesiástica; a formação de
equipes ministeriais; o processo de intercessão; seleção dos métodos de
evangelização; o mapeamento sócio-cultural; a escolha do modelo de plantação e
finalmente a formulação de um plano de ação que contemple todas estas áreas. Ao
final um roteiro é disponibilizado para auxiliar o plantador na formulação de
um plano de ação.
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