ARTIGO - Meditando na Palavra: Uma introdução ao estudo bíblico indutivo. (III. APLICAÇÃO)

Ao ouvirem isso, eles ficaram com o coração pesaroso e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Irmãos, que faremos? Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que estão longe, a quantos o Senhor nosso Deus chamar. E os aconselhava e exortava com muitas outras palavras, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. Atos 2:37-40





Nesta terceira parte do estudo sobre o método indutivo veremos a importância da aplicação. Se, a atenta observação do texto possibilita a abertura de visão e a formulação dos questionamentos necessários para a análise do texto. E a interpretação nos aproxima do seu sentido unívoco e original, a mensagem que o autor[1], quis transmitir no contexto da redação[2]. A aplicação, por sua vez, tem a finalidade de extrair a riqueza e as possibilidades latentes do texto, aplicando-as no contexto que pretendemos comunicar as escrituras. 
A aplicação, nos aproxima do autor primário, pois ela nos leva a considerarmos quais princípios, ou lições permanentes[3] estão contidas na passagem estudada. Ela também possibilita ricas e novas maneiras para a prática destes princípios.  Podemos, portanto, afirmar que a aplicação atualiza as lições do texto bíblico para a atual geração de leitores/ouvintes. 
Jhon Stott fala deste processo como a capacidade de fazer pontes entre o texto antigo ao mundo moderno.[4] Para ele a aplicação é o processo de Deus falar conosco por meio das escrituras. Para Roy Zuck, a aplicação consiste na atualização da mensagem para o público contemporâneo.[5] Antonia Leonora Van Derr Meer, afirma que a aplicação: “[...], é a resposta pessoal ou comunitária à verdade descoberta. A resposta pode ser uma ação prática, como pedir perdão e reconciliar-se com alguém. Ou pode ser a adoração. A aplicação é o objetivo último do estudo bíblico: ouvir a Deus de tal maneira que isso mude nossa vida(veja 2 Tm 3:16-17).”[6]
Se a interpretação é singular, a aplicação é plural, pois o sentido do texto agora é transmitido ao público contemporâneo. Podemos resumir o método indutivo no diagrama a seguir:




Como podemos aplicar? De acordo com Van Deer Meer, deve-se nesta etapa procurar refletir sobre o tema e o sentido geral da passagem, pensando na forma como o texto e sua mensagem particularmente nos tocou. A seguir deve-se buscar alguns temas específicos para a aplicação derivados da passagem estudada. Esta aplicação pode ser pessoal, ou comunitária, eclesiástica visando o crescimento, ou evangelística. Ela pode ser privada, restrita ao ambiente religioso, ou aplicada a esfera pública. O diagrama a seguir apresenta as perguntas para a aplicação propostas pela autora:

Uma correta aplicação da verdade bíblica possibilitará uma maior comunicação do evangelho, uma melhor assimilação das verdades espirituais resultando em uma correta adoração e genuína expressão da fé .


[1] Deus é o autor primário das escrituras, os autores bíblicos são os autores secundários. A doutrina da inspiração das escrituras é a premissa que adotamos para a correta interpretação bíblica.
[2] O contexto-redacional é o contexto histórico, cultural e geográfico em que os textos bíblicos foram escritos. Atualmente estou desenvolvendo uma metodologia específica para o estudo panorâmico das escrituras, a partir desta abordagem. Pelo estudo do contexto redacional será possível reduzir os 66 contextos dos panoramas bíblicos tradicionais para apenas oito blocos temáticos principais.
[3] Existe um risco em fazermos aplicações diretas sem o devido cuidado para considerarmos o sentido original das escrituras e o desenvolvimento histórico-redentivo da revelação divina.
[4] STOTT, Jhon. Eu Creio na Pregação.  
[5] ZUCK, Roy. A Interpretação Bíblica: Meios de Descobrir a Verdade da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1994. Vide Capítulo 12. Págs.323-339 
[6] VAN DEER MEER, Antonia Leonora. Estudo Bíblico Indutivo. São Paulo: ABU Editora, 1987 Pág.15.

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