DEVOCIONAL - JESUS, A MULHER ADÚLTERA E A PSEUDO SANTIDADE DOS ESCRIBAS E FARISEUS.
A santidade de Jesus x a santidade falsa dos escribas e fariseus.
8:1 Jesus,
entretanto, foi para o monte das Oliveiras. 8:2 De madrugada, voltou novamente
para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava.8:3 Os
escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em
adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, 8:4 disseram a Jesus:
Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. 8:5 E na lei nos
mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? 8:6
Isto, diziam eles, tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus,
inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. 8:7 Como insistissem na pergunta,
Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o
primeiro que lhe atire pedra. 8:8 E, tornando a inclinar-se, continuou a
escrever no chão. 8:9 Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria
consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos
últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava. 8:10 Erguendo-se
Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde
estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? 8:11 Respondeu ela:
Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não
peques mais. João
8:1-11
Esta passagem embora inspirada em
sua totalidade. Está ausente de vários manuscritos[I],
tendo sido conservada em versão independente, talvez pelo receio legalista de
algum copista, que acreditava que o testemunho da graça aqui revelado era ousado
demais para o povo e assim decidiu “editar” a revelação.
Embora de acordo com os exegetas
modernos[II],
ela tenha sido originalmente dos evangelhos sinóticos; a encontramos reinserida
numa porção de Evangelho de João. Este fato não me causa surpresa, pois “via de
regra”, o ser humano tem dificuldades para entender o amor e a compaixão de
Deus.
Esta passagem apresenta uma
narrativa que nos diz que num dia que Jesus retornou do Monte das Oliveiras e
estava ensinando no templo um grupo de escribas e fariseus chegam a sua
presença causando grande tumulto apresentando-lhe uma mulher apanhada em
adultério. Este grupo de religiosos, indagam a Jesus a cerca do que fazer e
para isto, citam a Lei de Moisés que diz que quem é apanhado em adultério deve
ser apedrejado uma citação de Lv 20.10; Dt 22.22-24.[III]
Jesus então passivamente,
permanece assentado e começa a escrever não sabemos exatamente o que; talvez
uma citação do decálogo, os dez mandamentos, talvez a descrição pecados
daquelas pessoas tudo passivamente. Devido à insistência daqueles religiosos
mal intencionados, Jesus interrompe a sua escrita, levanta-se e diz aquele que
não tiver pecados atire a primeira pedra. Após isto ele torna-se a se sentar
voltando a escrever no chão do templo.
Todos acusados pelas suas próprias
consciências, a começar dos mais velhos, retiram-se e acabam ficando ali
naquela cena apenas Jesus e a mulher. Jesus, então se levanta e magistralmente
pergunta para a mulher: “Onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou?”
Ela responde: “Ninguém Senhor”, então Jesus lhe diz: “Eu também não te condeno
vá e não peque mais.”
Tendo este episódio por referência
gostaria de propor neste artigo o seguinte tema: A santidade de Jesus versus a
santidade falsa dos Escribas e Fariseus.
1 - A
santidade de Jesus atrai os pecadores gerando um ambiente de graça e a
santidade falsa dos escribas e fariseus os afasta. Quando se está perto de um
fariseu
É comum se
sentir a pior pessoa do mundo. A santidade do fariseu visa humilhar o pecador
tornando-o uma pessoa inferior visando expor o pecado alheio e escondendo a
realidade triste dos seus próprios pecados. Os sepulcros caiados dos fariseus escondem
toda a sorte de imundícies, os muros caiados ainda que pareçam sólidos, se
estiverem fissurados caem. A santidade
de Jesus atrai os pecadores, os publicanos, as prostitutas, os religiosos de aparência,
os bons moços, que não obstante, continuam perdidos, os leprosos, os loucos, os
malandros, os cientistas arrogantes, os ricos que precisam tomar antidepressivos
para poder dormir, e as pessoas bem resolvidas, mas sem Deus. Ele veio para
todos eles. “Os são não precisam de médico, mas sim os doentes” e os
doentes são os pecadores.
2 – A
santidade falsa dos escribas e fariseus está ligada a mera letra da Lei; a
santidade de Jesus está preocupada com essência da Lei e o propósito de Deus de
salvar o perdido. Os fariseus trouxeram uma mulher apanhada em flagrante
adultério, mas ninguém adultera sozinho, onde está o adultero? Estes homens não estavam preocupados com o
pecado, com a família, ou com a vontade de Deus. A Lei para ele era “lei” algo
que poderia ser manipulado para satisfazer a vontade dos homens; para trazer
benefícios eclesiásticos e financeiros e por que não também para tentar
destruir ministérios verdadeiros, como o de Jesus. A Lei para Jesus existe para
um propósito, os pães da proposição podem alimentar um exército, as espigas
colhidas no dia de sábado podem alimentar discípulos e uma mulher adúltera pode
não ser apedrejada, por que o mais importante da lei é a justiça e a misericórdia.
A santidade de Jesus faz os pecadores
serem menos pecadores; a santidade falsa dos escribas e fariseus faz com que os
pecadores se sintam ainda mais pecadores.
3 – A
santidade de Jesus diz que pecadores não deveriam condenar o pecado dos outros;
a santidade falsa dos escribas e fariseus parte da condenação dos outros e da
omissão dos próprios pecados. A oração do “Pai Nosso” nos ensina: “Perdoa as nossas dívidas assim como nós
perdoamos os nossos devedores.”
4 - A
santidade de Jesus é uma santidade de aproximação e a pseudo santidade dos
escribas e fariseus é uma santidade de separação. A santidade dos escribas e
fariseus diz: Se o puro tocar no impuro, o puro será contaminado. A santidade
de Jesus por sua vez nos diz: “Se o puro tocar no impuro, o impuro será
purificado.” Jesus é tão santo e tão puro que ele toca em leprosos, vai ao
sepulcro, é tocado por uma mulher com fluxo de sangue, come com pecadores,
conversa com mulheres de má fama, pisa em terra pagãs, tudo sem se contaminar e
o resultado é mais surpreendente: Os leprosos são purificados, os mortos ressuscitam,
hemorragia são curadas, corruptos restituem o que roubaram das pessoas,
mulheres adulteras deixam de ser adulteras, endemoninhados, agora livres se
tornam missionários. Não há concessões ao pecado, não há tolerância burra.
Existe poder transformador, existe a irresistível graça que chama os pecadores
ao arrependimento existe uma santidade que invade a nossa vida e nos muda de
dentro para fora.
Algumas considerações: Deus não
envia pecadores para o nosso meio para eles serem rejeitados. Muitas vezes em
nossas igrejas, ou até mesmo em nossos círculos de influencia percebemos esta
realidade. E nos esquecemos que o propósito de Deus revelado em Jesus Cristo é
a salvação de pecadores. Perdemos de vista que Deus se alegra muito mais por um
pecador que se arrepende do que por 99 justos que não precisam de
arrependimento[IV]. Somos em diversas
oportunidades tão injustos como o credor incompassivo[V]
que foi perdoado de uma dívida impossível e logo após isto, endurecido cobrou
um do seu servo uma dívida infinitamente pequena em comparação a sua sendo
incapaz de perdoar.
Deus rejeita o “Bullying”[VI]
espiritual dos fariseus eclesiásticos, que não buscam ninguém, mas são rápidos
em rejeitar, rotular ou hostilizar aqueles que Deus trouxe em sua graça e amor.
Quando eu fiz um treinamento de evangelismo a alguns anos atrás, eu ouvi um
testemunho de que o ministério de evangelização foi cancelado em uma igreja
local, em uma determinada região do Sul do País, por uma razão surpreendente:
As pessoas estavam se convertendo “demais”
e indo para a igreja, além do mais, eram pessoas “de cor”, e por isto, o ministério teria que ser
cancelado por que “pretos” estavam se convertendo ao Senhor Jesus Cristo. Poderia citar a ainda o caso de igrejas ricas
que tem resistência quando pessoas mais “humildes” (leia-se pobres) começam a
compor a membresia da sua Igreja, ou para a nossa vergonha e reflexão, de igrejas
pobres que rejeitam os mais pobres ou os mais abastados em seu meio por não desejarem
intrusos no seu meio. Isto é incorrer no erro da segregação social, e etnocêntrica,
mostrando uma rejeição prática, do evangelho que destruiu de uma vez por todas
o muro da divisão pelo sangue de Cristo.
Uma igreja pode até de maneira
compreensível, social e culturalmente, ter a facilidade para alcançar um grupo
dentro de uma unidade homogênea[VII],
mas isto não dá o direito a esta mesma igreja de fechar a porta do reino dos
céus àqueles que querem entrar e são de outros contextos. A Igreja é do Senhor Jesus Cristo!
Em terceiro lugar, pecadores (como
eu e você que está me lendo agora) deveriam apostar todas as suas fichas na
graça e no perdão de Deus; e não, com dedo em riste apontar os erros dos
outros, deveriam antes bater nos seus próprios peitos dizendo: “Tem
misericórdia de nós pecadores.”
Certa ocasião, o Senhor Jesus me
disse para ensinar para uma determinada pessoa sobre a verdadeira santidade.
Especificamente sobre a diferença entre uma santidade de aparência dos fariseus
e a verdadeira santidade demonstrada em sua pessoa. Eu obedeci e este ensino,
nunca saiu da minha mente e coração.
Pastor Manoel
Delgado
[I] Consultar o aparato crítico Nestle e Aland.
[II] BOOR, Werner de, Evangelho de João. Vol. I
Pág. 202 Ed. Esperança.
[III] Lev 20:10 Se um homem adulterar com a
mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera. Dt.22:22-24 Se um homem for achado deitado
com uma mulher que tem marido, então, ambos morrerão, o homem que se deitou com
a mulher e a mulher; assim, eliminarás o mal de Israel. Se houver moça virgem,
desposada, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela, então, trareis
ambos à porta daquela cidade e os apedrejareis até que morram; a moça, porque
não gritou na cidade, e o homem, porque humilhou a mulher do seu próximo;
assim, eliminarás o mal do meio de ti.
[IV]Vide Lucas 15 as três parábolas ali
contidas que foram proferidas em resposta ao fato que Jesus recebia pecadores e
comia com eles.
[V] Mateus 18:23-35
[VI]Bullying de acordo com a definição da revista Brasil
Escola é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se
refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas,
intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas
por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar
ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender,
sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.visto
em http://www.brasilescola.com/sociologia/bullying.htm
[VII] MAcGRAVAN, Donald, Compreendendo o
Crescimento da Igreja, Pág 225, Sepal.
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