LEITURA - ÉTICA MINISTERIAL: UM GUIA PARA A FORMAÇÃO MORAL DE LÍDERES CRISTÃOS
RESENHA:
TRULL,J. & CARTER, J. Ética Ministerial: Um guia para a formação
moral de líderes cristãos. ed. Vida Nova. São Paulo 2010, 318p.

Perspectiva
teórica da obra. A obra
apresenta rigor acadêmico e praticidade advinda da experiência
ministerial dos autores. Os
capítulos que tratam dos fundamentos (1,2,6,7) foram formulados por
Trull que é professor de ética do seminário.
Os capítulos mais práticos (3,4,5) desenvolvidos por
Carter que é pastor com mais de 30 anos de experiência e foi diretor de relação ministerial na sua denominação. Porém, pode-se afirmar que o trabalho final foi uma co-autoria, uma vez que os autores
trabalharam em cooperação em todas as partes do projeto.
Breve
síntese da obra. A
obra está organizada com a apresentação dos prefácios da
primeira e segunda edição da versão original, uma introdução,
nos oito capítulos que compõem o conteúdo principal, e em cinco
apêndices ao final da obra. Os
temas abordados pela obra são apresentados nos seguintes capítulos: No capítulo 1, “A vocação ministerial: Carreira ou profissão.” os autores apontam que
a gênese do conceito de profissão, não era secular, mas sagrada e
associada a uma vocação permanente, voltada para
o
bem da comunidade. O
capítulo 2,
“As escolhas morais do pastor: Inatas ou adquiridas?”, versa
sobre ética
pessoal do ministro, seu caráter
e valores. Defende-se o conceito de integridade ética e apresenta
que é dever do ministro crescer constantemente no seu caráter e
ética. No
capítulo 3,
“A vida pessoal do pastor: acidental ou intencional?”, os autores
abordam
os relacionamentos pessoais do ministro. No
capítulo 4, “Os membros da igreja: amigos ou inimigos?”,
desenvolve-se
a relação com a Igreja. O
capítulo 5, tem como título: “Os colegas do pastor:
cooperação
ou competição?”. Os autores neste
capítulo desenvolvem o tema da relação dos pastores com os seus
colegas de ministério. No
capítulo 6, “A comunidade do pastor: ameaça ou oportunidade?”,
tratam sobre o relacionamento e a conduta do pastor em relação à
comunidade na qual sua igreja está inserida. No capítulo 7, “Uma
questão ética importante; abuso sexual no ministério”, os
autores desenvolvem
o delicado tema do abuso sexual e o ministério pastoral. O
capítulo 8,
“Um código de ética ministerial: auxílio ou empecilho?”, os
autores defendem
a importância da adoção/formulação de um código de ética
claramente definido. No
final do livro, há um esboço de um código de ética ministerial, e
apêndices, com modelos
de códigos de éticas de algumas denominações e
ministérios
cristãos.
Principais
teses desenvolvidas na obra. De
acordo com o resenhista
Valdemar
Alves da Silva Filho1
o
livro pode ser resumido a seis pressupostos fundamentais: “
1) Quase todos os pastores desejam ser indivíduos íntegros, cuja
vida profissional preserva os ideais éticos mais elevados; 2. A
formação do caráter moral e da conduta ética é um processo
difícil; 3. Todo o pastor precisa de treinamento nas áreas de ética
e formação espiritual; 4. a prática da ética é uma arte que pode
ser aprendida; 5. Todo ministro cristão precisa tomar a mesma
decisão moral ética que outros profissionais liberais: serei um
capacitador ou um mero explorador de pessoas e 6. Quando usado de
forma apropriada, um código ministerial de ética beneficia tanto os
pastores quanto às comunidades que eles servem (p. 21).”
Reflexão
crítica sobre obra e implicações para o ministério. A
obra é excelente. Os autores alcançam o objetivo pretendido.
Conseguem produzir um material relevante, útil para os
seminários
nos
seus
cursos de formação ministerial,
e
igualmente proveitosa
para
pastores, agências
missionárias e ministérios locais. Especialmente nos apêndices ao
final da obra. Nesta
seção
os leitores são
munidos com
uma série de modelos
com
aspectos práticos e metodológicos envolvendo a ética ministerial.
Este
material no
todo
é rico em informações, estatísticas e
exemplos práticos,
quisera
eu ter lido um material assim em minha fase formativa. Não sobra nada a ser discutido, eles abordam tudo que é relevante. Da ética sexual, a vaidade dos ministros. De questões envolvendo a ética do cuidado, o ensino, e o procedimento em visitas e aconselhamento a questões como o plágio de obras teológicas, e questões mais complexas envolvendo direitos autorais. Nada escapa da percepção destes autores, que utilizam a sua experiência ministerial para confrontar o leitor colocando "o dedo na ferida."
O
que me causou espanto foi justamente a
informação apresentada
de que nos seminários,
existe um desinteresse geral
pela disciplina de ética ministerial. Havendo um declínio do seu
oferecimento nas instituições teológicas. Tal fato, me fez
recordar de um alerta semelhante apresentado pelo teólogo Anglicano
J.I. Packer que ao desenvolver o seu levantamento bibliográfico
sobre a doutrina da Santidade, tema de
seu importante
tratado,
teve a infeliz constatação
de
que em quase
100 anos o tema não
recebeu a consideração
teológica
devida,
inexistindo publicações
com esta ênfase
em todo este período. Devido
a este fato, a sua obra recebeu o título de “A redescoberta da
santidade.2”
Igualmente
poderíamos
considerar
o declínio do discipulado clássico
e
dos
ministérios
tradicionais
de educação cristã que
tem minguado nas igrejas Brasil à fora.
O que estes fatos vistos em conjunto podem significar?
Se
este tema ja é relevante nos EUA e
Inglaterra berços do protestantismo,
imagine em nosso País, onde temos acompanhado
a
queda
de credibilidade nas instituições ocasionada pela percepção cada vez maior
da corrupção, aliada
a nossa cultura
pragmática e utilitarista, que
muitas vezes é
conhecida como “jeitinho”,
uma forma tipicamente brasileira para nomear o desvio ético.
1Op.cit.
2PACKER,
J.I. A Redescoberta da Santidade, Editora Cultura Cristã, São
Paulo, SP. 2002
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