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QUESTÕES TEOLÓGICAS - PERGUNTAS SOBRE SOBERANIA DIVINA E RESPONSABILIDADE HUMANA.

Questões Teológicas: Soberania Divina e Responsabilidade Humana

Apresento o esboço das respostas para algumas perguntas teológicas que respondi em uma programação local de uma Igreja na Cidade.


1. Se o ser humano é totalmente depravado e incapaz de buscar a Deus por si mesmo, como se manifesta a responsabilidade moral do homem em relação ao pecado?

Precisamos diferenciar dois movimentos: o da salvação e o da queda. O homem é moralmente responsável por seu pecado e condenação. Adão, o cabeça do pacto, foi o representante federal da raça, e, por consequência, todos herdam a natureza pecaminosa. Individualmente, todos pecaram.

No movimento da salvação, temos um cenário de reprovação divina e uma escolha unilateral de Deus em favor dos pecadores eleitos. Aqui, existe o beneplácito de Sua vontade soberana e livre. Não existe mérito humano envolvido.


2. Se Cristo morreu eficazmente pelos eleitos, como explicamos passagens bíblicas que parecem indicar que Ele morreu por "todos" ou pelo "mundo"?

Excelente pergunta! O dicionário bíblico de Strong traz uma importante distinção entre os sentidos de "todos" nas Escrituras. "Todos" pode significar a totalidade de indivíduos ou de grupos, dependendo do contexto ou escopo.

Se "todos" significar cada indivíduo, então teremos uma doutrina universalista, e a Bíblia ensina claramente que temos salvos e preteridos. Por outro lado, se dissermos que Cristo morreu por "todos" mas somente alguns foram salvos, diremos que Sua obra não é eficaz.

A melhor resposta é a posição de que Cristo morreu eficazmente por todos os eleitos, o que R. C. Sproul chama de expiação definida.


3. Como a Graça Irresistível se manifesta na vida do crente? Isso significa que a pessoa não tem escolha na sua salvação?

Vamos começar na ordem inversa. A vontade, depois da graça salvadora, é restaurada. O ser humano, que estava morto e incapacitado pelo pecado, é trazido da morte espiritual para a vida eterna. Isto, em termos de ordo salutis, envolve a regeneração, a fé, a conversão, a justificação e o novo nascimento.

A graça irresistível está neste contexto de vocação divina (chamado) em seu aspecto interior — obra do Espírito Santo — e sua chamada pública — pregação do evangelho.


4. A Perseverança dos Santos significa que, uma vez salvo, o crente pode viver de qualquer maneira? Qual o papel da disciplina e da santificação nessa doutrina?

De maneira nenhuma! Devemos evitar qualquer noção de graça barata, conceito abordado por Bonhoeffer. O verdadeiro eleito deve se portar como um eleito do Senhor. Esta foi uma ênfase da teologia Puritana, que deixou ecos nos símbolos de fé de Westminster.

Wayne Grudem chega a afirmar que temos a responsabilidade de nos apropriarmos dos meios de graça no processo de santificação. A doutrina da perseverança dos santos não exclui os meios ordinários que Deus deixou, assim como os decretos de Deus não excluem os meios conducentes aos fins.


5. A providência divina anula a necessidade de oração e ação humana?

De modo algum! A providência divina, que é o governo de Deus sobre a Sua criação, as pressupõe. J.I. Packer chama de antinomias estas aparentes contradições na Escritura: a soberania de Deus e a responsabilidade humana não são contraditórias, mas coincidentes. Este concursus significa que o Deus soberano dispõe, dirige e governa todas as coisas, da maior à menor, sem diluir a responsabilidade humana ou sem prescindir das causas secundárias que Ele mesmo estabeleceu. Assim, devemos orar e agir como vivos dentre os mortos.


6. Quais são as marcas de uma igreja verdadeiramente reformada?

Podemos discorrer sobre este assunto de pelo menos três perspectivas.

Eclesiologia clássica: A igreja é una, santa, católica e apostólica.

Reforma: Fiel pregação da Palavra, Disciplina Eclesiástica, Correta Administração dos sacramentos.

Elementos distintivos de uma igreja Reformada e Presbiteriana:

  • Teologia do Pacto (aliança);

  • Soberania de Deus (ênfase);

  • Ênfase doxológica (Glória de Deus);

  • Liderança colegiada.

Estes elementos, em seu conjunto, colocam a nossa igreja como cristã, reformada e presbiteriana.


7. À luz da doutrina da Perseverança dos Santos (uma vez salvo, salvo para sempre), como a teologia calvinista aborda a questão do suicídio? Isso anula a salvação de uma pessoa? Quais são as considerações pastorais e teológicas para famílias e igrejas que enfrentam essa tragédia?

Este é um tema delicado e espinhoso. É importante dizer, antes de qualquer passo, que Deus condena o suicídio. E que a Bíblia, claramente no Decálogo, nos proíbe de tirar a nossa vida e a de um semelhante (Homicídio).

Dito isto, podemos dizer que um eleito de Deus vai viver como eleito de Deus e, na vida e na morte, ele vai honrar o seu Senhor que o chamou com soberana vocação.

Porém, existem alguns casos que demandam alguma cautela para que não tiremos conclusões precipitadas:

  1. Na Bíblia, temos casos, como o de Sansão, que como um herói deu cabo da própria vida para derrotar os inimigos e, apesar dos seus muitos pecados, aparece na galeria da fé.

  2. Pessoas sob situações de estresse violento ou sob o efeito de medicações podem ter severas reações adversas, o que pode gerar ações extremas e fatais.

  3. Mesmo pessoas que realizam um ato extremo e irremediável como o suicídio, podem, na janela entre o ato e o óbito, ter um genuíno e sincero arrependimento.

  4. A salvação não repousa nos nossos atos, mas na salvação objetiva da obra de Cristo e na aplicação da redenção por obra do Espírito Santo.

Um estudo recente indicou que os casos de suicídio em Cuiabá, do ano passado para este ano, subiram 30%, o que foi considerado um dado alarmante para o mundo da psiquiatria.

Testemunho: Lembro-me que, quando ensinava doutrinas bíblicas aos jovens na Igreja Central, esta pergunta foi formulada por uma jovem. Eu, na época, na fase do Calvinismo da jaula, queria dar a resposta, mas tive um forte discernimento e disse: "Ninguém deveria tirar a própria vida!". A jovem saiu correndo da sala chorando. Graças a Deus, não foi autorizada a dar cabo da própria vida!


8. Se Deus é soberano sobre todas as coisas e bom, como a teologia reformada explica a existência do mal e do sofrimento no mundo? Deus é o autor do mal ou apenas o permite? Qual o papel da providência divina nesse contexto?

Soberania de Deus e o Problema do Mal

O mal e sua existência estão no escopo da soberania Divina. Deus não é autor moral do mal, mas governa inclusive o mal em Seus propósitos eternos, havendo decretado a sua existência (decreto permissivo). O mal existe devido à queda, e Deus o usa como causa secundária para disciplinar, santificar o seu povo, exercer a justiça, revelar a misericórdia e glorificar Seu nome. O mal é real, mas nunca escapa à providência de Deus, que o limita, ordena e transforma para o bem dos Seus (Gênesis 50.20; Romanos 8.28). A verdadeira e maior Teodiceia é a Cruz, pois ali Cristo não só triunfa sobre o mal, mas o transforma no bem supremo: a nossa redenção!

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