ARTIGO - SÉRIE VIAGEM A AMÉRICA. (4/4) GENEROSIDADE RADICAL.
Generosidade radical, Empreendedorismo e os ecos de uma Cultura missionária
Minha jornada pela América tem sido mais do que uma travessia geográfica. Ao observar o cotidiano americano, fui tocado por três pilares que sustentam muito do que vi: qualidade de vida, cultura de empreendedorismo e educação financeira. Mas há algo mais profundo que permeia tudo isso: uma generosidade radical que parece ecoar uma antiga cultura missionária, como se o país inteiro estivesse, de alguma forma, em missão.
Nesta jornada visitei o Estado do Texas, o Estado da estrela solitária. O Texas é, por si só, uma potência econômica de escala global. Se fosse um país independente, estaria entre as oito maiores economias do mundo, com um PIB que supera o de nações inteiras. Dentro desse gigante, Houston se destaca como uma metrópole pulsante, onde inovação, infraestrutura e ambição se entrelaçam. É em Houston que se encontra o centro de operações da NASA, símbolo máximo da ousadia científica americana, e também um dos principais polos da indústria petrolífera mundial — o Texas responde por uma fatia significativa da produção de petróleo dos Estados Unidos, consolidando sua posição estratégica no setor energético.
Mas Houston não vive apenas do passado glorioso da exploração espacial ou da força bruta do petróleo. A cidade também abriga grandes empresas de tecnologia, como a Tesla, que têm impulsionado uma nova era de desenvolvimento. Já é possível ver veículos autônomos circulando pelas ruas, integrados a sistemas de transporte como Uber e táxis, revelando um cotidiano onde a inteligência artificial e a mobilidade urbana se encontram.
A paisagem urbana de Houston é marcada por arranha-céus imponentes, rodovias largas e bem estruturadas, e uma malha viária que conecta com fluidez os diversos pontos da região metropolitana. A cidade respira grandeza em todos os aspectos — inclusive na fé. As chamadas megaigrejas, com estruturas monumentais e equipamentos audiovisuais de última geração, rivalizam com estúdios de televisão, deixando qualquer emissora regional brasileira com inveja da capacidade técnica e da sofisticação desses espaços.
Houston, Austin e outras cidades texanas compõem um mosaico urbano e econômico que reflete a força dos Estados Unidos como nação, mas também revelam o espírito empreendedor e visionário que define o Texas como um território singular — onde o futuro em alguns aspectos já chegou, mas que ainda apresenta ecos de uma América, centrada no evangelho de raízes rurais.
Empreendedorismo como expressão de propósito
Nos Estados Unidos, o empreendedorismo não é apenas uma alternativa profissional — é quase uma filosofia de vida. Empreender significa assumir responsabilidade pela própria história, identificar problemas e propor soluções, muitas vezes com coragem e criatividade. O empreendedor não é apenas um criador de negócios, mas um agente de transformação. Essa cultura valoriza o risco calculado, a inovação e, sobretudo, a liberdade de tentar.
O que me impressiona é como o empreendedorismo está ligado à ideia de propósito. Muitos empreendedores que conheci não estavam apenas buscando lucro, mas tentando resolver questões reais, melhorar vidas, deixar um legado. É como se o ato de empreender fosse, também, uma forma de servir. E isso me remete à frase de John Wesley, que resume com clareza essa visão:
“Ganhe tudo o que puder, poupe tudo o que puder, doe tudo o que puder.”
Essa frase não é apenas um conselho financeiro — é uma ética de vida. Ganhar com diligência, poupar com sabedoria e doar com generosidade. Wesley nos lembra que prosperar não é um fim em si, mas um meio para abençoar.
Educação financeira como ferramenta de liberdade
Nos Estados Unidos, falar sobre dinheiro não é tabu — é educação. Desde cedo, crianças aprendem sobre orçamento, crédito, investimentos e aposentadoria. Há uma pedagogia do planejamento que empodera o indivíduo. Saber administrar recursos é visto como uma forma de garantir liberdade, dignidade e impacto.
Essa cultura financeira não promove o acúmulo pelo acúmulo, mas o uso estratégico dos recursos. E isso se conecta diretamente à generosidade. Vi exemplos concretos disso, como um jantar beneficente que levantou milhões de dólares em uma única noite — não por obrigação, mas por convicção. Pessoas com recursos se reúnem para doar, para transformar, para servir. É uma generosidade que não se esconde, que não se envergonha de prosperar, porque entende que prosperidade é canal, não destino.
Os Estados Unidos como canal de bênçãos
Essa generosidade radical que observei não é apenas pessoal — é institucional. Os EUA têm sido, historicamente, um canal de bênçãos para o mundo. Seja por meio de ajuda humanitária, inovação tecnológica, bolsas de estudo ou missões religiosas, há uma vocação de contribuir. E essa vocação parece nascer de uma cultura missionária que ainda ecoa, mesmo em ambientes seculares.
Procurando ser eco de uma cultura missionária, muitos americanos vivem como se estivessem em missão — não necessariamente religiosa, mas humana. Missão de servir, de melhorar, de transformar. Isso me fez refletir sobre o que significa viver com propósito. Sobre como podemos, também, cultivar essa generosidade radical em nossas comunidades, em nossos negócios, em nossas famílias.
Conclusão: prosperar para servir
Minha viagem à América me ensinou que qualidade de vida não é apenas conforto — é cultura. É educação. É generosidade. E que talvez o maior luxo da vida seja viver com a convicção de que estamos contribuindo para algo maior que nós mesmos.
Se prosperar é possível, que seja para servir. Se empreender é possível, que seja para transformar. Se doar é possível, que seja com alegria. Porque no fim, como Wesley nos ensinou, o verdadeiro uso do dinheiro é aquele que nos aproxima do próximo — e de Deus.
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