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BATE PAPO VIRTUAL - SOMOS TODOS TEÓLOGOS?


No dia 02 de dezembro de 2020 participei de uma live no Instagram com o Rev. Djaik, no seu programa semanal Café com o Pastor. Foi uma boa conversa sobre os vários sentidos da teologia e o valor da formação bíblico-teológica, inclusive sobre o papel de instituições formativas como o nosso Instituto Bíblico, a qual assumirei a direção neste novo ano. Além de disponibilizarmos a entrevista aqui, deixo um breve esboço dos temas principais que conversamos.

Espero que seja útil. 

Rev. Manoel Gonçalves Delgado Júnior.

Djaik Souza Neves no Instagram: “Convidado: Rev. Manoel Delgado”

ESBOÇO - Somos todos teólogos? 

Introdução. O grande pastor e teólogo reformado R.C. Sproul teve uma obra publicada recentemente no Brasil pela editora FIEL, com este mesmo título, que consiste em uma teologia sistemática, concisa e acessível em que o autor escreveu sobre as principais doutrinas da fé cristã visando o grande público evangélico, e os leitores não especializados, mas interessados por boa teologia. Qualquer um que conheceu, ou teve acesso aos inúmeros artigos, aulas, palestras, ou mensagens expositivas do ministério do Dr. Sproul, no Ligonier Ministries, na sua Igreja local, ou como preletor requisitado na tradição reformada em diferentes meios, sabe muito bem sobre esta sua ênfase em popularizar, a teologia para um público mais amplo nas igrejas locais. Eu, e certamente muitos outros líderes, e muitos cristãos em geral temos esta imensa dívida para com este servo do Senhor.   

Para responder esta pergunta título da matéria, poderíamos falar de três sentidos básicos da teologia.

1- Sentido amplo. Por esta perspectiva podemos afirmar que todos são teólogos. Isto porque o ser humano é teoreferente, ou seja ele vive na perspectiva de Deus. Na linguagem de Paulo em Atenas, N'Ele (Deus), vivemos (bios), movemos (física) e existimos (ontologia). Estas eram as maiores indagações filosóficas e científicas que os gregos procuravam descortinar. Paulo com eloquência demonstrou que todas estas áreas têm o seu sentido, propósito e nexo causal na própria revelação deste grandioso Deus, que é a fonte e a base de toda existência. Assim podemos reconhecer com o Dr. Sproul que todos os homens estão sempre emitindo posições teológicas. Ainda que de maneira errônea e imperfeita, quer saibam ou não, estamos sempre nos posicionando sobre Deus. O próprio fato de Deus haver revelado a algo de si mesmo (revelação geral), faz com que consideremos que os homens emitirão conceitos teológicos. Contudo, a queda e os efeitos noéticos (na mente) decorrentes da entrada do pecado no mundo afetaram e muito esta percepção da revelação de Deus, e sabemos, a luz das escrituras, que os corações e intelecto humano, foram severamente afetados pelo pecado. E embora tenhamos severas dificuldades epistemológicas envolvidas aqui, é neste sentido amplo que se costuma falar sobre uma teologia natural, ou acerca da possibilidade de uma teologia acadêmica, compreendida como um estudo do fenômeno religioso, e das crenças e práticas religiosas.    

2- Sentido restrito. Aqui nos referimos teologia como expressão da fé cristã, derivada das escrituras como revelação especial. O pressuposto desta teologia é a fé em Deus, por meio de Jesus Cristo. Neste sentido a teologia é "Fides Quarens Intelectus", "Fé em busca de Compreensão" (Anselmo). Esta teologia é um ato, e expressão de todos os piedosos, de todos os cristãos, que desejam conhecer as implicações de sua fé. Deus não é objeto de interesse apenas dos ministros ordenados, mas sim de todos os crentes verdadeiros. Aqueles que tem acesso à revelação de Deus devem conhecer o tesou e legado desta revelação. Deuteronômio 29.29. Agostinho, faz uma reveladora indagação acerca de sua motivação para o empreendimento teológico. Diz ele: "O que eu amo agora que eu te amo?". Ele desejava conhecer profundamente o Deus a quem ele amava, e que na linguagem da Teologia de Joanina o amou primeiro. Teologia não apenas ato cognitivo, mas da vontade, das afeições e do coração. O motor da teologia é o amor a Deus, a pressuposição é a fé, a condição desta teologia é a revelação de Deus. 

3-Sentido doxológico. Num terceiro sentido, teologia é devoção. Para o grande teólogo Reformado Anglicano James Packer, doxologia reflete o propósito último do labor teológico que consiste no louvor a Deus e, na prática, da piedade. (Vide J.I.Packer, Teologia Concisa.) Assim neste terceiro ponto enfatizamos que a teologia, como empreendimento deve ser "Coram Deo", perante Deus, e para a Glória de Deus. Uma teologia produzida perante o Senhor, pressupõe que Ele, existe e é galardoador (recompensa) de todos aqueles que o buscam. Este temor, corresponde ao senso de transcendência, que consiste em reconhecermos que todos os nossos atos, públicos ou particulares são realizados diante de nosso Pai, que vê em secreto. É preciso reconhecer que Jesus condenou severamente alguns líderes religiosos do seu tempo. A acusação de nosso Senhor é que estes homens procuravam a glória e o reconhecimento uns dos outros, mas negligenciavam a glória do Deus único e verdadeiro (João 5.41-44). O oposto ocorre com os verdadeiros discípulos de Jesus. E ele mesmo, intercedendo por eles na oração sacerdotal destacou que eles haviam glorificado ao Filho e ao Pai. Eles conheciam a Deus. (João17.10). Estes discípulos embora iletrados e rudes nos termos, do judaísmo rabínico, de meados do primeiro século. Apesar de indoutos no método teológico formal tinham uma grande credencial de seu apostolado. Estes homens haviam estado com Jesus; e por consequência conheciam o Pai e glorificavam a Deus, por meio do Filho. Sproul define esta mesma perspectiva Coram Deo afirmando que: “A grande idéia da vida cristã é Coram Deo. Coram Deo capta a essência da vida cristã. Esta frase literalmente se refere a algo que ocorre na presença de, ou perante a face de, Deus. Para viver coram Deo é preciso viver uma vida inteira na presença de Deus, sob a autoridade de Deus, para a glória de Deus” (Fonte: Judicley Santos, Blog Bereanos). O que é viver para a Glória de Deus? O que seria glorificar? Para Wayne Grudem Glória é um atributo-síntese. A Glória de Deus significa a expressão plena de todos os atributos de Deus. Sua santidade, justiça e verdade. Seu amor, misericórdia e compaixão. Seu poder, conhecimento e sabedoria. Em suma, todo o brilho, majestade e esplendor de sua sublime revelação. Este halo reluzente de todas as excelências de Deus, constituem a sua Glória. 

Conclusão. Viver para a Glória de Deus, consiste na linguagem do apóstolo Pedro, nesta sublime tarefa de proclamarmos todas as virtudes D'aquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz! (I Pedro 2.9) ou ainda na grande afirmação do Apóstolo Paulo que os exorta dizendo que: “portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. (1 Co 10.31). 

Sobre  a Formação Teológica e Ministerial e o IBAA. A teologia é objeto de interesse de todos os Cristãos, por esta razão adotamos o novo mote do Instituto Bíblico Rev. Augusto Araújo: IBAA. Teologia para a Glória de Deus! Acreditamos que esta afirmação capta muito bem este propósito reformado de glorificarmos a Deus em todas as áreas da Vida (Kuyper), rompendo assim, as falsas dicotomias que separam sagrado e secular. Pois, todos nós que estamos em Cristo, vivemos no mundo de Deus, e somos chamados a vivermos para o louvor da sua Glória.

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