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ARTIGO - EM BUSCA DA DIGNIDADE PERDIDA! A BÍBLIA E A HISTÓRIA DO EMPODERAMENTO FEMININO.

EM BUSCA DA DIGNIDADE PERDIDA! A BÍBLIA E A HISTÓRIA DO EMPODERAMENTO FEMININO.
Por Manoel Gonçalves Delgado Júnior

INTRODUÇÃO.

No dia 8 de março convencionou-se a comemoração do dia internacional da mulher.[1] A origem da data é controversa, sendo que para muitos estaria associada a um movimento por direitos trabalhistas, ocorrido numa fábrica têxtil em Nova York (EUA) em 1837, mas por outros, associada a uma convenção posterior.

Nestes últimos 150 anos, muitas vitórias e transformações foram alcançadas pelas mulheres (movimento feminista)[2] dentre estes direitos poderíamos destacar o direito ao sufrágio universal (o voto), o acesso à educação, a inserção no mercado de trabalho com direitos iguais e tratamento equitativo, o direito e a ampliação da presença feminina em diversas frentes de trabalho e segmentos da sociedade, a criação de políticas voltadas para o amparo da mulher como a (licença-maternidade) e a defesa da mulher contra a violência doméstica (Lei Maria da Penha)  e, até mesmo poderíamos falar sobre um maior protagonismo feminino no espaço público, com presença de mulheres na política, nas ciências, nas artes, no mundo corporativo e até mesmo no cenário religioso.

Longe do que se costuma dizer, ou se poderia imaginar, a bíblia não constitui um obstáculo à busca e incorporação destes direitos. Ao contrário, na bíblia e na tradição judaico-cristã encontramos a mais ampla e segura base para a defesa da dignidade e do valor intrínseco da mulher, bem como o referencial para a promoção dos seus direitos[3].

Eis resumidamente alguns pontos que comprovam a presente afirmação:

  • No primeiro capítulo da bíblia, no livro Gênesis 1.26-28 temos o importante conceito de que os seres humanos foram criados a “imagem e semelhança” de Deus, e, ao mesmo tempo, encontramos a afirmação que “homem-mulher” são portadores desta imagem, membros constituintes da aliança (berith) sendo criados por Deus para o perfeito domínio da criação. A queda afetou seriamente esta imagem (depravação total) mas, não a suprimiu inteiramente, por conseguinte a história da redenção é a história do resgate da identidade e dignidade humanas corrompidas pelo pecado, por meio de Cristo, nosso redentor. Um retorno ao modelo da criação.   
  • No Pentateuco, encontramos um sistema de proteção social e direitos individuais que incluíam e favoreciam as mulheres (Leis sobre o divórcio, levirato, e amparo social das viúvas, estrangeiros e órfãos.);
  • No livro de Provérbios, entre outras passagens, encontramos uma belíssima descrição da mulher virtuosa, algo que antecipa muitos dos conceitos contemporâneos sobre o valor e o protagonismo feminino. Provérbios 31.10-20;
  • No velho testamento temos livros como o de Gênesis, Rute, Juízes e Ester onde, mulheres por vezes são apresentadas como protagonistas da narrativa bíblica;
  • A relação de Jesus com as mulheres narrada nos evangelhos, e a própria redação dos mesmos demonstra que Jesus e os seus discípulos uma abordagem que rompia com as tradições culturais de sua época. Ex. “Mulher Samaritana”, “Mulheres testemunhas da Ressurreição.”;
  • As genealogias que mesmo sendo predominantemente masculinas, fizeram menção de mulheres de destaque na história da redenção;
  • A profecia de Joel e o seu cumprimento em Lucas-Atos apontam para os últimos dias, época em que o Espírito seria derramado a homens e mulheres sem distinção. Joel 2.28-29//Atos 2;
  • A mulher na Teologia paulina. Particularismos culturais x princípios universais.  Muitos apresentam a teologia paulina em contraste ao ensino de Jesus e dos Evangelhos no que se refere ao papel das mulheres, porém uma correta leitura da teologia do Apóstolo Paulo perceberá a distinção entre os particularismos culturais e os princípios universais.  Veja Gálatas 3.28
CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Na grande narrativa bíblica encontramos o sentido bíblico-teológico para a promoção de um verdadeiro “empoderamento feminino”[4], que promova equidade[5] e o resgate da dignidade[6] para a mulher.

A Bíblia em sua ética e valores quando comparada aos costumes e valores das culturas das nações contemporâneas e circunvizinhas representava um verdadeiro avanço moral e um movimento em favor do direito das mulheres, em particular e da dignidade humana (revelação progressiva, teologia da acomodação). O ápice da revelação divina é a revelação de Jesus Cristo, e a plena aplicação desta proposta redentiva ainda aguarda a sua consumação. Constituindo um vir-a-ser construído no presente e, ao mesmo tempo, consumado por Deus no futuro na Glória que há-de-vir.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO:

CAMPOS, Heber Carlos de, Apostila de Antropologia Bíblica. (obra não publicada.)
LADD, George Eldon. Teologia Bíblica do Novo Testamento. Edições Vida Nova.
GRONINGEN, Gehard van.A revelação messiânica no Antigo Testamento. Editora Cultura Cristã.
____________________ O progresso da revelação. Editora Cultura Cristã.
____________________ Família da Aliança. Editora Cultura Cristã.
GRUDEM, Wayne, Teologia Sistemática Atual e Exaustiva, Edições Vida Nova.
ROBERTSON, Owen Palmer, O Cristo dos Pactos, Editora Cultura Cristã.
WRIGHT, Christopher. A missão de Deus. Edições Vida Nova.
FREITAS, Ana. A origem do conceito de empoderamento, a palavra da vez. Nexo jornal. http://nexojornal.com.br/expresso/2016/10/2016/A-origem-do-conceito-de-empoderamento-a-palavra-da-vez Acessado em 05/03/2019


[1] Para ver a controvérsia sobre a origem deste dia Vide. Entenda o Dia da Mulher: confira fatos marcantes da história da mulher. Cotidiano. Folha de São Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/03/1864604-entenda-o-dia-da-mulher-confira-fatos-marcantes-da-historia-da-mulher.shtml Acessado em 05/03/2019 e Dia Internacional da Mulher: Sabe aquela história da fábrica em chamas? É mentira! Socialistas franceses inventaram a história para ocultar a real origem da comemoração. Revista Aventuras na História. https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/a-verdadeira-origem-do-dia-internacional-da-mulher.phtml  Acessado 06/03/2020
[2] O movimento feminista aqui não é analisado em seu caráter radical, mas apenas no campo da luta por direitos e reinvidicações legítimos.
[3] É fato contudo que a perspectiva bíblica de igualdade é baseada equidade e não num mero igualitarismo que desconsidere a singularidade e constituição singular de homens e mulheres. Neste sentido a posição bíblica é equidistante dos extremos que de um lado suprimem a dignidade e valor igualitário entre homens e mulheres e de outro repudia uma visão que em nome da defesa dos direitos e igualdade acaba por ignorar a singularidade e distinções de gênero.
[4] Ainda que não adotemos o termo empoderamento (neologismo derivado do termo empowerment ) por divergência conceitual ou terminológica, devemos, porém, reconhecer que a bíblia apresenta elementos suficientes para uma genuína ação de resgate da dignidade feminina e igualdade de gênero baseada na noção de equidade. Sobre o termo “empoderamento” vide http://nexojornal.com.br/expresso/2016/10/2016/A-origem-do-conceito-de-empoderamento-a-palavra-da-vez Acessado em 05/03/2019
[5] A teologia complementar é a perspectiva teológica adotada no presente artigo. Sobre esta perspectiva vide Grudem, Wayne, Teologia Sistemática Atual e Exaustiva, Ed. Vida Nova. Cap.22 p.373-387
[6] A doutrina da Imago Dei é base histórica dos direitos humanos.

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